Territórios da Exceção
violência de estado em territórios urbanos periféricos
De acordo com dados levantados pela ong Anistia Internacional, a força policial brasileira é a que mais mata no mundo. Estima-se que nos últimos cinco anos, a polícia brasileira matou tanto quanto a polícia americana – conhecida por ser uma das mais violentas no mundo – matou num período de três décadas. Estes números vêm associados a uma série de padrões de violência e violações de direitos que atingem principalmente a população periférica das grandes cidades brasileiras, em especial a população jovem e negra de comunidades que encontram-se sob o fogo cruzado de grupos armados organizados e forças policiais militarizadas.
A agência autonoma, em parceria com outras entidades civis e grupos de pesquisa, está empreendendo uma série de investigações sobre casos de violência policial nas cidades do Rio de Janeiro e São Paulo. Legitimadas pelo discurso da “guerra as drogas”, operações que envolvem forças armadas do estado causam impactos severos no cotidiano destes territórios, alterando dinâmicas sócio-espaciais – trabalho, educação e saúde – de tal modo que impedem o acesso pleno ao direito à cidade e incorrem em graves violações de direitos humanos destas populações.
Equipe:
Paulo Tavares
César Jordão, modelagem 3d e graphic motion,
Talita Maboni, designer e pesquisa
Marcelo Pinto, pesquisa
Media.Lab UFRJ
Fernanda Bruno
Adriano Belisário
Ingra Maciel
Débora Pio
Parceiros:
MediaLab.UFRJ
Laboratório de Computacão da Unicamp
Redes da Maré
Na maioria das vezes, atos de violência de estado são invisibilizados pela falta de transparência de dados e documentação da administração pública, sendo fundamental o monitoramento através de investigações independentes da sociedade civil.
Utilizando tecnologias digitais de produção em mídia e análise espacial – sig, data mining e maping, modelagem de vídeo – esta pesquisa tem por objetivo visibilizar casos de violência e violações cometidos por forças armadas do estado em suporte à demandas de entidades humanitárias e organizações civis. Desenvolvido em colaboração com parceiros locais, terá impactos concretos em casos de ações jurídicas, ao mesmo tempo em que promove uma reflexão mais abrangente na esfera pública.
Reconstrução de operação policial com uso de helicóptero como plataforma de tiro no complexo da Maré, Rio de Janeiro
identificação de video evidências de violência policial em ação em Paraisópolis em novembro de 2019, que levou a morte dezenove adolescentes que frequentavam o Baile da 17.
Em paralelo, esta investigação busca traçar uma reflexão histórica e teórica sobre a militarização de espaços urbanos. Convergindo para estratégias de guerra contra-insurgente, este processo de militarização das cidades pode ser situado dentro de uma longa genealogia de táticas urbano-militares que remonta, por exemplo, às ações executadas como parte da “guerra suja” levada a cabo pelo estado Guatemalteco contra os povos Ixil nos anos 1980, ou ainda às táticas desenvolvidas no contexto da Guerra do Vietnam Crucial para esta pesquisa é observar como estas estratégias vem sendo operacionalizadas em contexto local, cujo precedente pode ser identificado na experiência das forças armadas brasileiras na ocupação humanitária-militar do Haiti pela ONU (MINUSTAH).